segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Não ouse olhar para o lado. O abuso infantil acontece em segundos.


Ter uma criança sob sua tutela é viver em alerta, inabalável como um membro da guarda real britânica. 
Quero falar sobre abuso infantil. Não vou falar sobre pedofilia, já que a palavra trata de um distúrbio que pode ou não fazer vítimas. É do crime que a patologia pode desencadear, é disso que quero falar. 
Li alguns relatos de adultos que sofreram abusos na infância. A maioria deles não buscou ajuda ou aconselhamento. 
Uma das vítimas abriu a minha mente, quando contou sua história. Para ela, nada de mais havia acontecido. A criança seguiu sua vida normalmente após o abuso, sem contar a ninguém.  Até que soube o que havia acontecido, quando começou a ter intimidade com um namorado. Foi aí que a ficha caiu. Só então ela entendeu que os toques de um conhecido da família que duraram poucos segundos, com todos os familiares dela presentes na casa, eram muito inadequados. 
A partir desse dia, ela passou a se sentir culpada. 
Sentia que não era honesta com o namorado, pois já havia sido tocada antes. Esse terror psicológico a perseguiu por anos. 
Uma criança de cinco ou seis anos pode não entender na hora o que está acontecendo. Pior, pode sofrer um abuso tão rápido, com segundos de duração, que se quer fique em sua memória como um fato, mas o subconsciente não perdoa. Assim que um gatilho é acionado, a lembrança vem avassaladora.
O abuso infantil acontece todos os dias e de várias maneiras. Como podemos proteger as crianças dele, então? 
Primeiro não sendo um abusador. O simples fato de circular de carro com uma criança solta dentro, podendo ser arremessada pelo vidro, já é um abuso contra a criança indefesa. 
O adulto é responsável por cuidar para  que uma criança não saia correndo e atravesse uma avenida sozinha. 
É o adulto que precisa estar de olho nas coisas que uma criança pode levar a boca. 
É o adulto que deve controlar o que uma criança assiste na TV ou no YouTube, impedindo que ideias estapafúrdias sejam implantadas em sua cabecinha mole, fazendo com que ela própria se coloque em risco. 
É o adulto que precisa ensinar os limites do corpo dela e dos demais a sua volta. 
É o adulto que deve saber onde a criança está, com quem está e o que está fazendo. 
Então eu volto a menina que teve sua vida inteira mudada por segundos no colo de um abusador e lembro que coisas muito ruins acontecem mesmo dentro de nossos lares. 
Todo o cuidado ainda é pouco porque são diversos os abusos que uma criança pode sofrer desde o seu nascimento até que ela seja capaz de se defender sozinha. É nosso papel estarmos alertas o tempo todo.

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